A palavra sustentabilidade nunca esteve tão em alta. É um assunto que vai da conferência de líderes mundiais à mesa de bar. É debatida por todas as camadas da sociedade, e que bom! Mais do que nunca, é preciso falar sobre o assunto e levar os debates relacionados à preservação e regeneração do meio ambiente para o maior número de lugares e pessoas.
O lado ruim de ser um termo que está por todo lado é que muitas vezes a palavra é esvaziada. De tanto que se fala nisso, acaba perdendo o sentido original e corre o risco de perder a sua força. Por isso, é preciso resgatar o significado e a importância da sustentabilidade para as pessoas e o planeta! Hoje a gente vai te contar um pouco mais sobre o que é de fato sustentabilidade.
De onde vem, para onde vai, para que serve e como funciona na prática. Boa leitura!
A definição de sustentabilidade pode ser resumida como o uso equilibrado dos recursos naturais para suprir as necessidades atuais sem deixar que faltem para o futuro. Essa noção vem do entendimento de que vivemos em um planeta com recursos finitos, e que o uso desses recursos precisa ser feito de uma maneira cuidadosa, sem extrapolar os limites.
A origem real oficial da palavra está no latim: “sustentare”, que significa “sustentar” e “conservar”. Tudo a ver com o conceito que é usado até hoje.
O termo que hoje é usado amplamente ganhou notoriedade a partir da década de 80, quando foi relacionado ao Desenvolvimento Sustentável. Lá atrás, os debates sobre proteção e conservação do planeta estavam ganhando corpo, com cientistas já avisando que era preciso mudar o jeito como as coisas vinham sendo feitas, ou não teríamos um planeta saudável e abundante nem para nós, nem para as próximas gerações. A definição de Desenvolvimento Sustentável apareceu pela primeira vez no Relatório Brundtland, como é conhecido o documento intitulado “Nosso Futuro Comum”, estudo apresentado em 1987 pela Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento: é o “desenvolvimento que satisfaz as necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades.”
Mais tarde, em 1992, aconteceu a Conferência sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento no Rio de Janeiro, também conhecida como Eco-92 ou Rio-92. Lá, o conceito de Desenvolvimento Sustentável foi consolidado e a partir das discussões dos líderes durante a conferência nasceu a Agenda 21, um documento que concilia métodos de proteção ambiental, justiça social e eficiência econômica que todos os países signatários deveriam se comprometer para construir um futuro global sustentável.
O planeta Terra é a casa que todos compartilhamos – nós, seres humanos, os animais, as plantas, os ecossistemas e tudo que existe por aqui (incluindo aquilo que ainda desconhecemos). Parece óbvio falar isso, mas muitas vezes parece que os tomadores de decisão esquecem. No nosso planeta, tudo está interligado: o que acontece na Amazônia, por exemplo, impacta a vida de quem vive em São Paulo, e até quem vive em outros países, porque a floresta é parte importante da regulação do clima global.
Pensando dessa maneira, é fácil chegar à conclusão que a sustentabilidade é relevante e importante para todos os “terráqueos”, certo?
Um jeito fácil de exemplificar a importância da sustentabilidade pra sociedade é evidenciar os impactos da falta dela: excesso de lixo, de emissões de gases de efeito estufa, perda de biodiversidade (ou seja, extinção de espécies de animais e vegetais), redução das áreas das florestas, queimadas… E tem também os impactos humanitários, relacionados às pessoas que já sofrem com eventos climáticos extremos como furacões, enchentes, etc.
As consequências do mau uso dos recursos naturais e da falta de um pensamento sustentável como um todo já estão aí. Por outro lado, um planeta pensado de forma sustentável é um planeta onde todos ganham, com menos poluição, com abundância de recursos naturais, manutenção das espécies e da vida terrestre e, principalmente, livre das grandes catástrofes relacionadas ao aquecimento global.
Provavelmente você lembra dessa aula na escola. Até pouco tempo, se falava em apenas 3 Rs da sustentabilidade, mas com o passar dos anos, dois novos Rs passaram a integrar a lista.
Na prática, eles funcionam como um sistema bem bacana. Na dúvida, você pode sempre começar pelo primeiro da lista e pensar se ele se aplica à situação, passando para o próximo quando necessário. Assim, temos um ciclo sustentável que pode ser facilmente integrado ao dia a dia:
A sustentabilidade empresarial pode ser definida de forma resumida como todo o conjunto de ações que uma empresa faz visando o desenvolvimento sustentável. Ou seja, são as políticas adotadas por uma empresa em todas as suas áreas com foco na redução de seus impactos ambientais e também em possíveis melhorias e mitigação de problemas que já existem.
O assunto já é tão relevante que existe uma ferramenta de análise e comparação das empresas que têm ações na Bolsa de Valores, o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE), criado pela Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Outra novidade nesse sentido que vem crescendo e ganhando cada vez mais adeptos são as certificações não obrigatórias por lei. As empresas buscam esses selos e certificados para demonstrar seu compromisso com a sustentabilidade empresarial, e é um indicativo muito bacana não só para investidores e relações entre negócios, mas também para o consumidor.
No meio corporativo, ter parceiros que compartilhem dessa visão é criar e fomentar uma rede de empresas sustentáveis que expandem e transbordam o pensamento sustentável, levando a ideia de um desenvolvimento que respeita o planeta para todos os envolvidos. Como resultado, temos um ecossistema de empresas focadas em fazer o bem para o planeta e para as pessoas, não se importando apenas com o lucro.
Quando o desenvolvimento sustentável virou assunto dentro do meio empresarial, as empresas começaram a entender que são parte importante nesse processo e elas também têm seus deveres para proteger o meio ambiente e promover um futuro mais justo e saudável para o nosso planeta. Foi logo depois que o relatório Brundtland deu uma sacudida no mundo com a apresentação das bases do Desenvolvimento Sustentável que alguns pensadores começaram a teorizar e pensar sobre o assunto.
Em 1994 surgiu o conceito dos três pilares da sustentabilidade, ou o Triple Bottom Line, criado pelo sociólogo John Elkington. Também conhecido como Pessoas, Planeta e Lucro, esse tripé é um conceito que norteia um negócio a ser sustentável a partir de três grandes objetivos. Segundo Elkington, para chegar no patamar de empresa sustentável, é preciso que esse negócio seja socialmente justo, ambientalmente responsável e financeiramente viável. Ou seja, de acordo com essa premissa, os resultados de uma organização ou empresa devem ser medidos considerando aspectos sociais, econômicos e ambientais, e não apenas os números relacionados ao lucro.
A seguir, explicamos em detalhes cada um desses pilares para você entender melhor como funciona esse conceito. Você vai notar que as coisas são interligadas, e isso faz todo o sentido, já que é preciso que os 3 sejam trabalhados, senão o tripé não vai parar em pé!
A sustentabilidade social pode ser observada com duas lentes: a interna e a externa. Quando falamos na sustentabilidade social interna, estamos pensando nas pessoas que trabalham diretamente com uma organização e como essa empresa se relaciona com elas: salário justo, adequação à legislação trabalhista, ambiente de trabalho, preocupação com a saúde do trabalhador, inclusão e diversidade, entre outros fatores.
A lente externa diz respeito aos impactos das atividades empresariais na comunidade em que a organização está inserida: programas sociais, programas para combater a desigualdade social, garantia de acesso a serviços como saúde e educação, consideração da comunidade local nas tomadas de decisões, parcerias e criação de estratégias para beneficiar as pessoas que se relacionam com a empresa.
A sustentabilidade econômica fala do aspecto financeiro da organização, e de como isso deve ser norteado por metas sustentáveis. O que isso quer dizer? Que o modelo de desenvolvimento econômico da empresa deve considerar práticas sustentáveis, não se baseando na produção excessiva nem na extração de matéria-prima de forma irresponsável, por exemplo.
O lucro não deve ser mais importante do que a preservação ambiental, e a distribuição e consumo dos produtos devem ser pensadas junto a ações que minimizem a exploração do meio ambiente. Em outras palavras, a sustentabilidade econômica mostra que o aspecto financeiro nunca deve ser avaliado de forma isolada, considerando sempre os impactos ambientais da empresa.
O pilar provavelmente mais conhecido e falado do tripé, a sustentabilidade ambiental diz respeito, obviamente, à preservação do meio ambiente. Aqui, falamos sobre as relações que um empreendimento tem com os ecossistemas, pensando que toda atividade econômica provoca algum impacto negativo. Sendo assim, toda a empresa deveria pensar em formas de reduzir esses impactos e promover mudanças positivas em contrapartida.
Aqui também entram as ações práticas que as empresas podem adotar, como, por exemplo, o uso de energias renováveis, a neutralização das emissões de CO2 através da compensação de carbono, a utilização de água da chuva para abastecer as descargas dos banheiros, programas internos de educação ambiental e conscientização, separação de resíduos e parcerias com empresas de reciclagem, etc.
Em 2023, a população mundial está batendo na casa dos 8 bilhões. São bilhões de pessoas consumindo, e numa velocidade cada vez maior, produtos, alimentos, roupas, eletrônicos, energia, água. Tudo isso tem, obviamente, um impacto direto na produção e no descarte. Se cada coisa que é feita tem um impacto, imagina isso multiplicado por bilhões?
O consumismo é o lado ruim do consumo, e é um reflexo dos tempos atuais. Nunca se consumiu tanto, com tanta velocidade e de forma tão descuidada.
A obsolescência programada faz os produtos durarem menos para serem rapidamente substituídos, e a obsolescência percebida faz os modismos irem e virem em velocidade recorde, fazendo as coisas ainda novas parecerem datadas.
E o reflexo disso aparece rapidamente. Para produzir um smartphone, são extraídos cerca de 28,6 kg de matéria-prima que será processada e transformada em cada peça e componente. Em cada fase, até o aparelho estar montado e pronto para o uso, existem impactos negativos para o meio ambiente, como a extração de minérios, emissão de gases do efeito estufa, gasto energético nas fábricas e geração de resíduos, para citar só alguns. E aí que a conta não fecha: se todos que pretendem fazer essa troca de aparelho a fizessem depois de só um ano de uso, seriam consumidos mais de 1,3 bilhão de quilos de matérias-primas brutas na fabricação dos novos aparelhos.
A extração de recursos naturais mais do que triplicou nas últimas cinco décadas, com um detalhe importante: um crescimento de 45% no uso de combustíveis fósseis, que são grandes responsáveis pelo aquecimento global. Para se ter uma ideia, em 2022 o mundo entrou no cheque especial em 28 de julho, o Dia da Sobrecarga da Terra.
Essa data marca o momento em que a humanidade já usou todos os recursos naturais que o planeta consegue regenerar durante um ano. Cada vez, essa data tem chegado antes, e isso tem relação direta com o consumo. Se seguirmos esse padrão, em 2050 serão necessários 3 planetas para suprir as demandas da população.
Alguns números sobre consumo no mundo:
As consequências disso você já sabe, né? Poluição da água, do ar e do solo, escassez de água potável, erosão do solo, perda de biodiversidade, acúmulo de gases do efeito estufa na atmosfera, inundações, secas, incêndios florestais e mais uma porção de problemas.
As inovações tecnológicas desempenham um papel crucial na construção de um futuro sustentável, abrindo caminho para soluções inovadoras que promovem a sustentabilidade em diversas áreas. A incorporação de tecnologias verdes em setores como energia, transporte e construção está redefinindo os padrões tradicionais, alinhando-os com princípios sustentáveis. Painéis solares mais eficientes, veículos elétricos e materiais de construção eco-friendly são exemplos tangíveis de como a tecnologia está impulsionando a sustentabilidade ao oferecer alternativas mais limpas e eficientes.
A convergência de tecnologias emergentes, como a inteligência artificial e a Internet das Coisas, tem resultado em sistemas inteligentes que otimizam o uso de recursos naturais. A implementação de sensores e dispositivos conectados possibilita uma gestão mais inteligente e eficaz dos recursos, permitindo a identificação precoce de problemas ambientais e a tomada de medidas proativas. Essas soluções tecnológicas não apenas aumentam a eficiência operacional, mas também contribuem diretamente para a preservação dos ecossistemas, exemplificando a integração bem-sucedida entre inovação tecnológica e sustentabilidade.
Além disso, a sustentabilidade é impulsionada por avanços na economia circular, onde a tecnologia desempenha um papel fundamental na transformação de resíduos em recursos valiosos. A digitalização e a automação de processos de reciclagem e reutilização facilitam a transição para modelos de negócios mais sustentáveis, minimizando o desperdício e maximizando o ciclo de vida dos produtos. Ao integrar tecnologias como a blockchain para rastrear a origem e o destino de materiais, promove-se a transparência e a responsabilidade em toda a cadeia de suprimentos, fortalecendo os princípios fundamentais da sustentabilidade.
As energias renováveis desempenham um papel essencial na promoção da sustentabilidade, representando uma transição crucial em direção a fontes mais limpas e eco-friendly de produção de energia. Diferentemente dos combustíveis fósseis, as energias renováveis, como solar, eólica, hidrelétrica e biomassa, oferecem uma alternativa sustentável e de baixo impacto ambiental. A geração de eletricidade a partir de fontes renováveis contribui diretamente para a redução das emissões de gases de efeito estufa, desempenhando um papel vital na mitigação das mudanças climáticas e na promoção da sustentabilidade a longo prazo.
O crescimento contínuo e a inovação nas tecnologias de energias renováveis também estão impulsionando a sustentabilidade econômica, criando empregos verdes e estimulando o desenvolvimento de setores relacionados. Além disso, as energias renováveis oferecem a vantagem de serem recursos inesgotáveis, contribuindo para a segurança energética e reduzindo a dependência de fontes não renováveis e finitas. A promoção ativa dessas fontes limpas não apenas diversifica a matriz energética, mas também estabelece as bases para uma infraestrutura mais resiliente e sustentável.
Ao adotar e investir em fontes de energia renovável, os países e as empresas estão não apenas abraçando a inovação, mas também priorizando a sustentabilidade como um pilar fundamental de suas estratégias. A transição para energias renováveis não só atende às necessidades presentes, mas constrói um futuro sustentável, onde a geração de energia está alinhada com os princípios de respeito ao meio ambiente e responsabilidade social, promovendo um equilíbrio duradouro entre desenvolvimento econômico e preservação ambiental.
A educação desempenha um papel crucial no impulsionamento da sustentabilidade, capacitando as gerações presentes e futuras com o conhecimento necessário para compreender e enfrentar os desafios ambientais. Ao integrar princípios de sustentabilidade nos currículos educacionais, desde as etapas iniciais até níveis mais avançados, as instituições educacionais podem criar uma base sólida para a conscientização ambiental e ações responsáveis. A compreensão dos alunos sobre os princípios da sustentabilidade não apenas os capacita como cidadãos conscientes, mas também os inspira a adotar práticas sustentáveis em suas vidas cotidianas.
Além disso, a educação desempenha um papel fundamental na formação de profissionais capacitados a lidar com desafios sustentáveis em diversas áreas, como ciência, tecnologia, negócios e políticas públicas. Programas acadêmicos que integram a sustentabilidade em disciplinas especializadas capacitam os estudantes a desenvolverem soluções inovadoras para os problemas ambientais, promovendo práticas sustentáveis em suas futuras carreiras. A educação superior desempenha um papel ainda mais crítico ao fomentar a pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias sustentáveis, impulsionando assim a inovação para um futuro mais verde e equilibrado.
A educação não se limita às salas de aula, mas também se estende à comunidade em geral. Campanhas de conscientização e programas de educação ambiental envolvendo a sociedade contribuem para a criação de uma cultura sustentável, onde as pessoas compreendem a interconexão entre suas ações e o impacto no meio ambiente. Ao priorizar a sustentabilidade na educação, estamos investindo no desenvolvimento de uma sociedade mais informada, engajada e comprometida com a preservação do planeta para as gerações futuras.
Diante desses dados assustadores, o consumo consciente surge para trazer um novo paradigma e colocar o consumidor no centro de tudo, lembrando que ele é, antes e mais nada, um cidadão. É verdade, ser um consumidor consciente é um grande desafio quando estamos inseridos em uma sociedade voltada para o consumo, mas é uma prática que vale a pena. Felizmente, cada vez mais pessoas têm repensado a maneira como consomem, e alguns números confirmam isso: um estudo da Nielsen revelou que 42% dos consumidores brasileiros estão mudando seus hábitos para reduzir seu impacto ambiental, e, segundo o WWF, houve um aumento de 71% nas pesquisas do Google por produtos sustentáveis entre 2016 e 2021.
Comprar com a sustentabilidade em mente pode ser sobre a compra de um produto específico ou as escolhas diárias, a ida ao supermercado ou mesmo a decisão de comprar apenas o necessário e nada mais. O consumo consciente começa com pequenas mudanças de hábito que podem impactar positivamente o meio ambiente, trazendo benefícios como:
Falamos lá no começo que as empresas são importantes peças nesse jogo, e é preciso promover ações de sustentabilidade para que os consumidores possam ter contato com essas práticas. Muitas pessoas ainda estão no começo dessa caminhada, e é importante que os negócios que se consideram sustentáveis ajudem a reverberar a ideia. Aqui no Jardim Secreto, esse tema é base para todas as nossas ações. Entre elas, podemos citar:
Entre as principais atitudes que pessoas e empresas podem tomar para promover a sustentabilidade então: